Tenho em casa um piano azul
mas não posso tocar.
Tem estado na cave no escuro,
desde que o mundo entrou em decomposição.
Quatro mãos tocam harmonias nas estrelas.
Canta no seu barco a Mulher na Lua.
Aqui apenas os ratos dançam.
As teclas estão danificadas.
Choro o azul que desapareceu.
Doces anjos, tenho comido
pão tão amargo. Abram por favor
a porta do céu. Para mim, agora –
Embora ainda não tenha morrido –
embora não seja permitido.
- Else Lasker-Schüler
(tradução de Jorge Sousa Braga)
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