segunda-feira, fevereiro 20, 2017

Arquitectura de crise


Infelizmente, fantasma,
pagam-me para estar quieto,
não para contemplar sem pressas
a beleza de certos territórios abandonados,
texturas de ferrugem e ausente vidraça,
veículos de chuva antepassada,
ideais para a decisiva residência artística,
levar o remanso a prolongamento,
segredos de um aleijado pé de página

Atirado para fora do texto após um asterisco*,
posso dirigir ou fingir que dirijo novamente o olhar
às bucólicas vizinhanças de floreira & mansarda,
cidades que sobrevivem graças à velhice
e partem pernas e corações

como se a telha vã da poesia

- Luís Pedroso
(inédito)

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